domingo, março 19, 2006

O Pátio das Cantigas

Título Original:
"Pátio das Cantigas" (1942)

Realização:
Francisco Ribeiro

Argumento:
António Lopes Ribeiro, Francisco Ribeiro (Ribeirinho) & Vasco Santana

Actores:
António Silva – Evaristo
Vasco Santana – Narciso
Maria das Neves – Senhora Rosa
Ribeirinho – Rufino


O Pátio do Evaristo é chamado pelos moradores de Pátio das Cantigas, pois o nome Evaristo era o mesmo do antipático dono da drogaria que era apaixonado pela senhora Rosa e tinha uma filha chamada Celeste que sonhava ser pianista, embora o seu talento fosse duvidoso. Também apaixonado pela senhora Rosa era Narciso, antigo canalizador que agora se embriagava constantemente para esquecer a mágoa desde o dia em que recebeu um não da dita senhora como resposta a um pedido de casamento. Rufino era o filho de Narciso, dono da Leitaria Estrela d’Alva, em frente ao estabelecimento de Evaristo, que ficava furioso quando alguém lhe fazia uma pergunta que rimava: «Ó Evaristo, tens cá disto?» (uma frase que ainda hoje está bem presente na memória de todos).

Mas haviam mais moradores: Alfredo (Carlos Otero) amava Amália (Maria Paula), que tinha uma talentosa voz e namorava com Carlos Bonito (António Vilar) – o irmão dele - que por sua vez era o grande amor de Suzana (Graça Maria), a tímida irmã da fadista. Um dia chega do Brasil a encantadora Maria da Graça (a actriz tinha o mesmo nome) – filha da alegre senhora Rosa que era florista na praça da Figueira – e que logo desperta a paixão de Rufino. No pátio vivia ainda o senhor Engenhocas (Carlos Alves) que, em vésperas do dia de Santo António monta a sua grafonola, que toca as canções que os habitantes do bairro cantam, mas às vezes só funciona quando não é preciso.


Parece brincadeira mas o enredo é um pouco complicado, talvez seja algo propositado para juntar a constantes cenas de comédia que aliviam o filme do peso de tantos amores cruzados que se fossem retratados sozinhos poderiam tornar o filme demasiado meloso. As personagens eram como um retrato de muita gente anónima do Portugal dos anos 40. As cantigas e fados cantados por quase todos os moradores do Pátio das Cantigas exaltavam valores nacionais. Há que lembrar que no período em que o filme foi rodado vivia-se nos sufocantes tempos da ditadura de Salazar, por isso os filmes só eram exibidos conforme as regras de uma inspecção cultural, pois não podia conter qualquer mensagem incógnita ou não que fosse contra o regime. Há uma cena no filme que foi feita propositadamente para aludir a Salazar, era preciso agradar-lhe para não ter problemas.


O Pátio das Cantigas é um filme leve, embalado pelas cantigas dos moradores, uma homenagem à música tradicional portuguesa e à tradição da comemoração dos Santos Populares. Com um elenco recheado de nomes de famosos de actores que tinham o teatro como escola, é curioso repararmos no modo de actuação de alguns actores que parece uma linguagem teatral, de linguagem cinematográfica havia ainda pouco. Há motivos de sobra para ver este filme, recentemente restaurado e lançado em DVD, como a famosa cena cómica em que o embriagado Narciso (Vasco Santana) conversa com um candeeiro de rua.

® Isabel Fernandes

3 Comments:

At 6:52 da tarde, Anonymous Anónimo said...

bem eu sou fã do patio das cantigas e de todos estes filmes...apesar de ter 16 anos...adoro a beatriz costa e adorava ter vivido na altura destes filmes...acho simplesmente fascinante...acho é que poderiam por musicas destes filmes para podermos fazer download...

 
At 3:06 da manhã, Anonymous Dione said...

Pois bem, eu tbm gostaria mto de saber a trilha sonora do filme... Amo este filme, assistia na minha infancia e hj, aos 30 aninhos comprei o dvd do filme e assisto sempre...

 
At 3:06 da manhã, Anonymous Dione said...

Pois bem, eu tbm gostaria mto de saber a trilha sonora do filme... Amo este filme, assistia na minha infancia e hj, aos 30 aninhos comprei o dvd do filme e assisto sempre...

 

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